A construção da rampa no tobogã onde uma professora morreu não teve um projeto técnico e nem o acompanhamento de profissionais qualificados, de acordo com a Polícia Civil. O gerente e o administrador do parque deSão Roque (SP) foram indiciados por homicídio culposo.
A vítima, Luciana Cerri, de 42 anos, descia o brinquedo junto do filho, de sete anos. Segundo uma testemunha, os dois foram arremessados e bateram em uma grade de proteção. A criança, de sete anos, foi socorrida e encaminhada para o Hospital São Francisco. O acidente aconteceu no dia 8 de abril de 2023.
Conforme a Polícia Civil, a pista do tobogã onde ocorreu o acidente foi alterada em janeiro de 2023, com a construção de uma rampa na parte final. No entanto, não houve projeto técnico e nem o acompanhamento de profissionais qualificados durante a obra, informou a corporação.
Além disso, a perícia técnica feita no local apontou que o tobogã estava molhado no momento do acidente, "o que diminuiu o atrito entre o tapete e a pista, fazendo com que a vítima descesse com maior velocidade do que quando em pista seca".
O laudo feito pela perícia também apontou que a causa do acidente "foi a trajetória da vítima pela tangente da curvatura na região do ponto mais alto da elevação do final do trecho da pista". Ou seja, com a elevação, Luciana e o filho acabaram se separando do piso, passando por cima da beirada da pista e, em seguida, batendo em uma grade de ferro.
"A curvatura da pista proporcionou o erguimento da mulher no ponto mais alto da elevação de modo que houvesse o descolamento da vítima do solo, fazendo com que ele saísse da pista seguindo movimento reto em direção à grade ao lado da pista, não acompanhando a curvatura", informou a polícia.
O gerente e o administrador do parque foram indiciados por homicídio culposo. O inquérito foi concluído pela Polícia Civil e as informações foram divulgadas nesta terça-feira (23).
De acordo com a Polícia Civil, o gerente e o administrador do parque "foram os responsáveis pelo planejamento e execução da obra, emitindo ordens para a sua concretização".
Portanto, segundo a polícia, os dois indiciados não cumpriram as normas que visam os cuidados com os visitantes do parque. "Ainda que a reforma da pista tenha sido feita com a intenção de melhorar a segurança da atração, agiram, ambos com total imprudência, ao determinarem a realização da obra no local, sem observância das cautelas necessárias e, principalmente, acompanhamento de profissional técnico, habilitado para o correto planejamento e execução da referida obra de aclive", diz.
"Diante dos elementos colhidos e das provas apresentadas, a autoridade policial determinou o indiciamento do administrador e gerente do parque, cujas condutas se amoldam aos delitos de homicídio culposo e lesão corporal culposa."
Um funcionário do parque de diversões onde a professora morreu, após descer de tobogã, já havia informado, em depoimento à Polícia Civil, que o dispositivo de segurança não havia funcionado.
Visitantes do parque relataram que a mulher descia no brinquedo com o filho no colo, quando, no final da descida, os dois foram arremessados e atingiram uma grade de proteção.
Os próprios funcionários do parque socorreram as vítimas à Santa Casa da cidade, mas a mulher não resistiu aos ferimentos e morreu. A Polícia Científica esteve no parque para fazer a perícia, que auxiliou no trabalho de investigação.
O Ski Mountain Park era um ponto turístico de São Roque e oferece atividades como pista de esqui, arvorismo, tobogã, teleférico, torre de escalada, entre outras.
Na época, parque anunciou seu fechamento por luto. Em nota, a empresa lamentou o ocorrido. "O Ski Park vem a público externar os profundos sentimentos à família da vítima. A empresa está e estará à disposição da família. Também estará à disposição das autoridades no sentido de colaborar com a apuração dos fatos."
A moradora de Jundiaí (SP), Janine Janeri, contou que estava no Ski Mountain Park, perto do teleférico, quando viu a mulher descer o tobogã com o filho no colo e os dois baterem em uma grade de proteção.
“Na hora que ela estava descendo, ela sofreu um acidente horrível. Eu socorri a criança que estava no meio da perna dela. Todo mundo sem entender o que tinha acontecido. Meu Deus do céu, a mulher não levantava, a criança não levantava", lembra.
Janine afirmou que a mulher estava completamente desacordada no momento em que ela chegou ao local. "Peguei o menino e ele só falava assim: 'tia, eu vou ter que levar ponto?' E, nisso, eu já colhi a irmã que estava vindo logo atrás, que desceu no tobogã também".
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